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Automobilismo

Há um ano, a centésima estrela de uma lenda

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Lenda: Hamilton

Em um esporte como o automobilismo, os números dizem tudo. Pode-se especular as condições em que as marcas dos grandes pilotos e das grandes equipes são conquistadas, mas elas permanecem. Dão uma ideia absurdamente precisa da grandeza acerca de quem estamos falando.

No caso da Fórmula 1, mede-se o talento dos pilotos pelos resultados alcançados. Juan Manuel Fangio foi tido como o maior de todos os tempos pelos cinco títulos mundiais tidos como insuperáveis – até um certo Michael Schumacher aparecer e papar sete taças. Várias gerações viram inúmeras lendas nesses 70 e poucos anos de F1 desfilarem nas pistas com suas marcas incríveis. Mas como o pentacampeonato de Fangio, uma delas era tida como inatingível: a de 100 vitórias.

Chegar à marca de três dígitos de vitórias seria um privilégio reservado a um gênio do esporte. Schumacher quase conseguiu. Os 91 triunfos do heptacampeão fizeram do seu nome um símbolo da F1. Mas coube a outro piloto alcançar tal marca. Um britânico sem o aporte financeiro necessário para chegar ao esporte, ‘’adotado’’ pela McLaren, feito pupilo de Ron Dennis, corajoso para embarcar em um projeto audacioso e que se tornou um dos maiores de todos os tempos ao conquistar sete títulos mundiais. Estou falando de Sir Lewis Hamilton.

Foi no GP da Rússia, há um ano, em um 26 de setembro como hoje. No auge da disputa com Max Verstappen pelo título, Hamilton viu o oponente largar em último por penalizações de trocas na unidade de potência. A Mercedes colocou seu então companheiro Valtteri Bottas no fim do pelotão para dificultar a vida do holandês. Estava desenhada uma vitória de Hamilton sem dificuldades gigantescas, certo? Errado. As circunstâncias de uma corrida emocionante deram um grau de emoção típica dos capítulos históricos do esporte.

Hamilton não vinha tendo o desempenho esperado até colocar o composto duro na sua parada, enfrentando sérias dificuldades para se livrar da McLaren de Daniel Ricciardo. Após a troca, a corrida virou uma disputa franca entre ele e o líder Lando Norris – também da McLaren. O jovem piloto vinha mantendo a dianteira até começar a chover com poucas voltas para o final. A equipe britânica chamou Norris para colocar pneus intermediários, mas ele teimou em permanecer na pista, ao contrário de Hamilton, que obedeceu ao chamado da Mercedes – mesmo a contragosto. No fim, Lando rodou, não conseguiu levar o carro até o final com pneu slick e a vitória caiu no colo do heptacampeão.

O resultado da corrida só não melhor para Hamilton pela segunda colocação de Verstappen. Até a chuva, o holandês não tinha ritmo para ir além de P7. Veio o aguaceiro e ele foi beneficiado com as mudanças advindas de tal situação, conquistando um P2 importantíssimo para o campeonato. Além, é claro, do fato de Verstappen ter largado em último. O resultado foi ótimo para ambas as partes, mas considerando apenas o efeito prático na disputa mais insana dos últimos tempos, o piloto da Red Bull foi o maior agraciado.

Ainda assim, nada tira o brilho de Lewis Hamilton. Conquistar 100 vitórias em 14 anos de F1 é coisa de gênio – e certamente ele é. Assisti inúmeras corridas suas desde a estreia pela McLaren e vi performances estupendas, corridas vencidas na pura genialidade e títulos conquistados com muito suor.

Quando trocou a McLaren pela Mercedes em 2013, assumiu um risco enorme para a sequência da carreira. Parte da imprensa especializada chamou ele de louco, pois sair de uma equipe consagrada para uma ainda engatinhando em seu retorno à categoria parecia ser loucura. Hamilton teve muita coragem, abraçou o projeto e conquistou mais seis títulos mundiais. Se a Mercedes sobrou na era híbrida e entregou carros fantásticos, Lewis fez a diferença quando necessário.

Eu poderia escrever mil linhas e encher minha coluna de artigos para falar da genialidade de Lewis Hamilton, mas as estatísticas falam por si. Dominar uma categoria como a F1 requer predicados disponíveis apenas aos gênios, daqueles que aparecem de tempos em tempos pulverizando a concorrência e fazendo história a cada corrida. Hamilton mostrou velocidade pura, frieza e entendimento do carro guiado por ele quando necessário. E venceu. Lewis é um vencedor nato.

‘’Surge um novo gênio na F1’’, disse Galvão Bueno na primeira vitória de Lewis Hamilton no GP do Canadá em 2007. De lá para cá, outras 102 vieram. É muita coisa. Alcançar três dígitos nessa marca não é pouco. Que os fãs aproveitem cada corrida dessa lenda do esporte.

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